quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

Sobre a solidão

 Muitas pessoas elogiam-na., o que causa-me profunda estranheza e, confesso, certa repulsa. Há quem diga que é preciso aprender a ser feliz sozinho, que é importante saber ser independente, não depositar a felicidade (seja lá como se conceba isto) em uma pessoa ou em um conjunto delas e outras frases do tipo. Não discordo, a priori, destes raciocínios, mas há uma premissa oculta aí. Creio que o prazer da própria companhia seja muito mais fácil de se apreciar quando raro ou desejado, como um copo de água fria num deserto. Certamente, quem, por forças alheias, vive cercado de pessoas tagarelando ao redor de si o tempo todo clama, com razão, por silêncio, espaço e reclusão. Mas há o clamor, mais raramente ouvido uma vez que exprimido em meio ao nada, por algum barulho. Por convívio, por diálogo, por união.  Nisto Rawls acertara no centro do alvo. Não há quem sobreviva sozinho neste mundo. E, frequentemente, os fantasmas que visitam a mente sozinha são mais assustadores do que as ameaças do meio...





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