Que minhas palavras não nasçam nunca do esforço, mas da necessidade, e que em seu sangue corra a sinceridade e a espontaneidade deste que escreve.
sexta-feira, 3 de julho de 2015
Sobre a existência e suas bagagens
Será possível uma lógica que sobreviva à desconstrução existencialista (de um Nietzsche ou de um Sartre), justificada, ao menos, pelo seu uso? Será possível a estruturação de um ideal descompromissado da verdade, seja para a orientação da conduta, seja para a explicação do mundo? Será, de fato, intrinsecamente mal o anseio pela verdade ou, ao menos, pela retratação sistemática do mundo? É possível sobreviver ao ceticismo sem as mãos vazias? Que ganhos há, para a existência e para a filosofia, a desconstrução total? Não é ela tão infértil quanto o pensamento mais dogmático? É possível salvar alguma prescrição moral, ou estamos fadados à desorientação, ao amor à realidade incompreensível, à luta constante com a própria existência e às não tão próprias pulsões de vida e de morte, de criação e desconstrução, de movimento e de paralisia? E não haveríamos de negar, então, qualquer hierarquia de valores e de sofrimentos (dos chamados pobres de espírito aos eruditos) - que havemos de fazer com suas lágrimas? Se não podemos sequer escolher uma orientação, como manifestação de nossa própria vontade, que há de original no mundo? Ocupemo-nos menos de acordos alheios, e mesmo menos de nossos próprios... Sejamos apenas, e escolhamos nossas ferramentas para a existência, com as finalidades, os valores e as atitudes que lhes sejam inerentes. Distorçamo-las ao nosso bel prazer e vontade, ou deixemos que distorçam a nós, pois não é a normatização e a idealização da vida uma manifestação de nosso ser? E que mal há se escolhemos ou fomos escolhidos para jogar um jogo específico de regras: por que sempre esvaziar o espaço que está fadado a ser preenchido de algo?
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