segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Ordem das razões e dos cabelos

Eu tenho um pouco de politólogo e de moralista.
Eu sou um pragmatista com resquícios de utilitarista.
Eu sou chato, mesquinho, egoísta, presunçoso,
ciumento, cabeça dura e nervoso.

Essas são as razões pelas quais eu sou atraído pela filosofia prática e meus cabelos pelos buracos do ralo do banheiro.


Como todo politólogo e todo pragmático, busco prática na teoria e finalidade nos conceitos.

Precisa estar de acordo com o que eu creio (moralismo) e deve servir pra alguma coisa.
Se não está de acordo com o que eu creio, não presta. Pra mim. E eu creio no que presta.

Estas são as razões pelas quais eu continuo no inferno da raiva contida. O fogo ainda queima, mas é suave e constante. Contido. Não arde como a paixão, mas crepita às vezes. É pior do que a labareda dos dragões que torra qualquer carne em segundos.

Prefiro muita dor em pouco tempo do que pouca dor em muito tempo. Malditas proporções! E malditas comparações...
Mas sou parecido com Prometeu neste ponto, que preferia ter seu corpo devorado pelo animal mais feroz, ter sido pisoteado pela mais frenética das manadas ou chorado as lágrimas mais doídas do pior dos sofrimentos (os do amor) do que ter todos os dias o seu fígado devorado por Ethon. Repito: TODOS OS DIAS. Dias parecem a eternidade, assim como as noites, as semanas e os anos. E eu continuo queimando devagar nas brasas infernais da raiva, do desprezo, da indignação.

Mas não me culpo nem me perdoo por isso.
Nem culpo as coisas do mundo.
Que culpa tenho eu se não enquadro minha vida nas frases dos homens célebres?
Que culpa tem as frases dos homens célebres se não se enquadram na minha vida?

Sobrevivo, mas os cabelos caem.